[OS SABERES E OS DESSABERES]
[ainda há pouco eu sabia, mas o saber esvaiu-se, areia na peneira, matéria não mais apanhável, toda ao chão como se fungo, lodo, água ferruginosa. ainda há pouco eu sabia, eu disse, e repito, sabia, mas o saber que eu sabia em vapor se fez, um outro saber, frágil, lerdo, manco, logo esse novo saber apontou ali onde os saberes fazem morada, um novo saber qual estranho, qual bicho sem nome. tive de aceitá-lo, a um saber não se dá a recusa, ele vem, puxamos a cadeira, deixamos que seja novo conviva. olá, eu digo, solto verbos amigáveis, sirvo-lhe o cálice, sirvo-lhe a prosa de uma frase sinuosa das que honram as amizades, isto até que o destino dos saberes outra vez, em reprise, outra vez o destino leve o visitante, mais um dia passa, outro ano, outros saberes chegarão, e outra vez vão ceder ...