[ENQUANTO VOCÊ LÊ UM LIVRO]
Do nada, a frase pulou nos olhos do leitor. Ia o leitor a passos de cágado, muito assim-assim devagarinho em sua leitura, quando a frase, do nada, pulou nos olhos dele. Pulou mesmo. Assemelhou-se (a frase saltante) a uma lagartixa branca. Ou à língua de um sapo. Uma frase que pula ou salta nos olhos dos leitores é fenômeno raro. Ou melhor: inédito. Em sentido figurado, é claro que, havendo a sedução de parte a parte (do leitor pela frase e da frase para o leitor), há, sim, frases que tomam de assalto os olhos do leitor ou leitores que mergulham na frase como se em uma praia grega: pela beleza contida na frase, por exemplo. Ou por seu ritmo. Ou por seu mistério. Já o fenômeno em questão merece análise mais rigorosa. A frase que pulou era de uma novela narrada em primeira pessoa com cinco personagens (dois homens, duas mulheres e um grilo falante). Não menciono o nome do autor para não haver celeumas em um meio tão sujeito a intempéries. Ela possuía (ou possui) doze palavras. Estava (ou ...