[COISA DO POEMA, COISA DO PENSAMENTO]

[a dialética espiralante, 
em espirais, com a tríade 
tese, antítese e síntese 
em deslizamento 
ao redor do objeto-ideia, 
revisitação constante 
das faces do objeto-ideia, 
cada momento 
outro momento, 
cada vinco 
outro vinco, cada rasura 
outra rasura, 
cada traço 
outro traço, cada dobra 
outra dobra, 
isto é coisa do poema 
e é também coisa 
do pensamento. 

desformalizar, desformular 
e deformar cada passagem 
com a operação da tríade 
em constante movimento 
acima e abaixo, para um lado 
e outro, isto é coisa 
do poema e é também coisa 
do pensamento. 

destituir a tríade tese, 
antítese e síntese 
de sua propensão 
a criar binarismos, 
mesmo que, a contragosto
para ela, mesmo 
que um desconforto 
para a sua já viciada 
rigidez, isto é coisa 
do poema 
e é também coisa 
do pensamento.]