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[HISTÓRIAS LIGADAS PELA NÉVOA]

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Paulinho Assunção, em seu Histórias ligadas pela névoa (Editora Estrela Verde, Huíla, Angola, 2001, 148 páginas), conta de um homem que guardava a esperança dentro de um vidro, um vidro de tinta, tinta azul para canetas, um vidro que ele sempre mantinha sobre a escrivaninha, em cima de um pedaço de granito, ao lado de algumas conchas já carcomidas pelo tempo. Todas as manhãs esse homem abria a tampa do vidro e verificava em qual estado amanhecera a sua esperança, investigava com delicadeza o modo como a sua esperança nadava ou boiava naquele reservatório de tinta, olhava se a esperança (ser de espessura mais tênue do que as antenas de uma borboleta) estava em bom estado, em boa estampa, com os vigores das manhãs ou com a languidez da noite. Só assim, depois desse rito matinal muito assemelhado com os ofícios de um jardineiro, o homem começava a escrever.