[O ELOGIO DAS FORMAS BREVES]
[fuzarco aristides prescreve as formas breves (e também as brevíssimas) para a saúde e a longevidade de um escritor.]
["você deve decepar as formas longas com a faca mais afiada", ele diz.]
["decepar, cortar, degolar ou decapitar são os verbos mais apropriados para o duelo com as formas longas", diz fuzarco aristides com aquela sua postura de quem toma assento em algum café de trieste, justo quando italo svevo apaga o cigarro.]
[forma breve (ou brevíssima) pode ser, por exemplo, o conto que o mosquito escreve enquanto passeia sobre a mesa, à beira de um guardanapo, ao largo de um palito, quase nas unhas de madame larita, a presidente do clube centauro de rondós e redondilhas.]
[para fuzarco aristides, os mosquitos são exímios e adoráveis contistas.]
["também as formigas", ele acrescenta com aquele olhar que joyce empregou com muita frequência enquanto olhava para os cabelos esvoaçados e esvoaçantes de ezra pound.]
["um escritor, no exercício das formas breves, pode levantar-se de sua mesa de trabalho com leveza e júbilo, sem preocupar-se, na volta do passeio, em achar novamente o fio da meada."]
[fuzarco aristides chegou hoje no trem das quatro horas. e hospeda-se, até sábado, no hotel das graças incomensuráveis.]
Comentários
Postar um comentário