[aonde vai a pena que soltou o pombo, de um lado
para aquele lado, viajeira pena de branco e ocre
e quase um cisco pela cidade afora.
alto lá, é o que eu digo. alto lá, senhor que vai,
senhora aí, senhora lá, eis que a pena
que soltou o pombo, de branco e ocre
pela cidade afora, eis que a pena é nada
e nada pelo mar de nada, alada nesga, alada
e cega, vai a pena de tão pequena nem vale
a pena assim olhá-la, observá-la, ei-la, ei-la
onde o céu acaba, ei-la bêbada nesta janela,
foi para o sul, perdeu-se louca dentro de um olho,
voltou, rodopiou, bailarina e menina na menina
de alguma retina, será serpentina de um momo
sem rumo e sem rima, teclas de um piano-fonema,
restos de santo ou anjo, pingos de um trema
no azul de um quase invisível poema.]
Você escreve muito bem, excelente poema.
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