[PROVOCAÇÕES: ERIÇAMENTOS: ATRITOS]

[ENTREVISTA COM O VAZIO]

[o vazio perguntou ao pleno por que se escreve. o pleno não soube ou não quis fecundar uma resposta.]

[chamamos deleuze, chamamos a reprodução simulatória de uma vitrine em outra vitrine numa cidade sitiada, chamamos rimbaud, lautréamont, chamamos os tuaregues e os ciganos.]

[chamamento meramente retórico.]

[só a vaziez sabe por que se escreve.]

[DOS DESTINATÁRIOS]

[o velho disse: "mas um livro é sempre uma carta para não-todos-destinatários".]

[o velho disse: "para-todos é sempre demais para o destino de um livro".]

[OS NÃO LEITORES]

[o vazio disse que gostava de provocar os não leitores com miríades baças de um texto com espinhos.]

[era o modo de dar às retinas os punhados de areia.]

[os não leitores poderiam então simular a queda no abismo.]

[a dor do texto prenhe de ilegível.]

[CANTATA MATINAL]

[na beira-página, estão os visitantes.]

[são legentes e são legíveis.]

[uns leem as páginas, outros são lidos por elas.]

[combinam-se, de um lado e outro, os povos migrantes do texto.]

[o texto é o modo mais sublime dos povoamentos.]

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