[BIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA DE ANNA V., PESSOA DE ROMANCE]
- O seu verdadeiro nome era Dolores Melgaço.
- Amiga de Molly Bloom, não estava em Dublin no dia 16 de junho de 1904, o que lhe valeu a exclusão das páginas do Ulysses.
- Para bajular Joyce, e consequentemente entrar em seu próximo livro, adotou o nome Anna V., embora, muitas vezes, assinasse também Anna Vargas.
- Como se sabe, o escritor irlandês preferiu Anna Lívia Plurabelle, uma cantora de ópera que passava as tardes trinando às margens do Liffey, fingindo-se de lavadeira.
- Dolores Melgaço ou Anna V. era filha de um português com uma espanhola.
- O pai era natural de Lisboa e morreu em Goa.
- A mãe era de Málaga e acompanhou a filha em sua peregrinação europeia no rastro de escritores famosos, no princípio do século 20, tudo fazendo para ser pessoa de romance.
- Em toda a sua vida, porém, Anna V. (ou Dolores Melgaço) só conseguiu papéis secundários.
- Para quem se recorda, ela é a vendedora de flores em Paris é uma festa, exatamente na página 50.
- Contudo, em algumas edições (a que tenho é de Bogotá), Hemingway a omitiu.
- O escritor norte-americano (ranzinza) não ia muito com a cara de Anna V. ou Dolores Melgaço.
- Desiludida com a má sorte, ela se transferiu para Buenos Aires, logo nos começos de 1921.
- Em seguida, mudou-se para o Brasil.
- Foi por algum tempo datilógrafa de Oswald de Andrade, teria brigado a tapas com Pagu, no bairro do Cambuci, e vendeu amendoim no Viaduto do Chá para se sustentar.
- Geniosa, teve violentas brigas com Mário de Andrade sobre a pedagogia do canto orfeônico.
- Mas Anna V. gostava de Villa-Lobos.
- Certas versões de sua vida dão conta de que foi ela quem deu ao compositor o par de chinelos para o happening no Teatro Municipal de São Paulo, durante a Semana de Arte Moderna.
- Mário de Andrade, contudo, se vingou dela: no Macunaíma, sumariamente a colocou no papel de uma catatua: página 122, na edição turca.
- Anna V. estaria sepultada no Cemitério da Consolação, ao lado da mãe, em jazigos simples, covas 31 e 32, A e B.
- As covas 31 e 32, A e B, porém, não existem no dito cemitério.

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