[NOMES DE PERSONAGENS]

[a escolha de nomes para personagens guiava-se por certos rituais e certos sortilégios. por exemplo: as cinco passadas pelo escritório indicavam que a condessa assassina deveria ter um nome com cinco letras. se o cachorro otto, na rua vizinha, latisse com variações de au em au, ele traduzia esses aulidos em código morse, e, logo, o mordomo de capa vermelha teria um nome corretíssimo e adequado à sua natureza de mordomo de capa vermelha. ou seja: fenelon. dava gosto vê-lo nas primeiras horas da manhã deixar folha e lápis por alguns instantes e se embeber nas águas invisíveis da magia. revoo de beija-flor, esbarrão em quina de mesa, o apito do vapor rio abaixo, rio acima, a canção italiana no rádio, o susto do gato, os três toques na campainha, o pingo compassado da torneira avariada na pia da cozinha, tudo era sinal, signo, deixa, aviso, indicativo. e assim surgiam nomes como agalbes, para o professor de mandarim; delvas, para a dançarina de tango; nílmures, para a cantora de árias; azalques, para o peregrino africano; cílpedes, para a sereia que enforcou o senhor deputado e envenenou o senhor presidente.]

Comentários

Postagens mais visitadas