[FRAGMENTO 87, SEGUNDO RUELDO MOLINAS]
Porque o corpo de Amarílis era um corpo indesnudável. Geasse, chovesse, anoitecesse ou amanhecesse, o corpo de Amarílis era um corpo indesnudável.
Após a roupa das manhãs, havia a roupa das tardes, após havia a roupa das noites, após havia a roupa das madrugadas. E depois outra vez havia a roupa das manhãs.
Um cavaleiro, certa noite, amarrou o cavalo no tronco de uma goiabeira. Levava punhais e adagas, tinha esporas de dez pontas, arma grande à bandoleira, e, no embornal, escondido, guardava um revólver com marcas na coronha.
Ele cheirava a capim selvagem, vinha do Norte, a caminho do Sul. O-de-Olho-Ruim. Assim o chamaram uns ciganos a caminho do Leste, ciganos em chevrolets empoeirados, ciganos leitores de Jack Kerouac.
Amarílis usava a roupa das noites, lia interrogações através de um livro velho, velho livro com gravuras de navios. A varanda cheirava a alecrim.
E o cavaleiro se aproximou. Pôs as mãos de urso sobre o balaústre, tilintou as esporas sobre uma pedra, resfolegou de potro, luas vermelhas rebrilharam numa encosta, mais além da rodovia.
E o cavaleiro avançou sobre Amarílis, foi de assalto à primeira roupa, buscou a nudez após a segunda, embaralhou-se em laços e nós quando espreitou a terceira, na quinta ou na sexta achou-se em território estrangeiro, território desértico, sem água ou sombra, sem pomares, sem o doce das frutas grávidas.
E tantas roupas havia sob cada roupa, tantas páginas do livro interminável, e mais roupas por baixo das roupas retiradas, e nada de seios, nada de coxas, nada dos tufos e dos sargaços e dos aranzéis noturnos.
Mais roupa ele tirava, mais roupa ainda havia, lá o dorso inacessível, lá as nádegas interditadas, um livro que fingia fim e logo era livro em seu começo, tanto que o cavaleiro, sem ares, sem lemes, tanto que o cavaleiro, rio fora das margens, tanto que o cavaleiro, tanto que o cavaleiro, incêndio todo consumido, tanto que o cavaleiro foi-se cabisbaixo pela névoa.
Após a roupa das manhãs, havia a roupa das tardes, após havia a roupa das noites, após havia a roupa das madrugadas. E depois outra vez havia a roupa das manhãs.
Um cavaleiro, certa noite, amarrou o cavalo no tronco de uma goiabeira. Levava punhais e adagas, tinha esporas de dez pontas, arma grande à bandoleira, e, no embornal, escondido, guardava um revólver com marcas na coronha.
Ele cheirava a capim selvagem, vinha do Norte, a caminho do Sul. O-de-Olho-Ruim. Assim o chamaram uns ciganos a caminho do Leste, ciganos em chevrolets empoeirados, ciganos leitores de Jack Kerouac.
Amarílis usava a roupa das noites, lia interrogações através de um livro velho, velho livro com gravuras de navios. A varanda cheirava a alecrim.
E o cavaleiro se aproximou. Pôs as mãos de urso sobre o balaústre, tilintou as esporas sobre uma pedra, resfolegou de potro, luas vermelhas rebrilharam numa encosta, mais além da rodovia.
E o cavaleiro avançou sobre Amarílis, foi de assalto à primeira roupa, buscou a nudez após a segunda, embaralhou-se em laços e nós quando espreitou a terceira, na quinta ou na sexta achou-se em território estrangeiro, território desértico, sem água ou sombra, sem pomares, sem o doce das frutas grávidas.
E tantas roupas havia sob cada roupa, tantas páginas do livro interminável, e mais roupas por baixo das roupas retiradas, e nada de seios, nada de coxas, nada dos tufos e dos sargaços e dos aranzéis noturnos.
Mais roupa ele tirava, mais roupa ainda havia, lá o dorso inacessível, lá as nádegas interditadas, um livro que fingia fim e logo era livro em seu começo, tanto que o cavaleiro, sem ares, sem lemes, tanto que o cavaleiro, rio fora das margens, tanto que o cavaleiro, tanto que o cavaleiro, incêndio todo consumido, tanto que o cavaleiro foi-se cabisbaixo pela névoa.
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