[POETAS CONTEMPORÂNEOS]


[hoje ouvi com fervor jovens
poetas contemporâneos
que não me conhecem, nem
de mim jamais 
souberam um nada,
nem cisco, nem traço, nem 
mesmo um ponto qualquer 
vocabular posto em poema. 

eu os ouvia, ouvia, e neles 
e deles aprendia o mosaico
de um jorro-vozerio, tantas vozes, 
tantos dados lançados 
em constelações infinitas.

era uma estranha e sedutora 
mosaicografia, gramática 
de partículas em fluxos 
e refluxos, em continuidade 
e ruptura.
 
o tempo, o tempo, o tempo,
pensei, pensei na areia, e pensei 
no mar, e logo fui então vagar 
pela rua, deixei que as vozes deles 
compusessem em meus antipassos 
uma talvez sonata, uma talvez sinfonia.]

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