[COM FERVOR, DEDICO-ME AOS TEXTOS QUE NINGUÉM LERÁ]

[dedico-me, 
com fervor, 
aos textos
que ninguém lê. 
ou jamais lerá. 

passa o corvo de poe
com um penduricalho 
no pescoço.
passa um navio 
sem porto.
passa a imagem 
de um monstro
pelo campo mais exíguo
do olho.

chora a cantautora de tango.
é frio o fio do punhal
no dorso do monstro, 
é chuva
de ácido no espelho 
d´água do poço.

chuto então a esperança 
com o peito do pé descalço, 
e, com fervor e paixão,
dedico-me
aos textos que ninguém lê,
que ninguém jamais lerá.]

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