[TUDO NO MUNDO É VERBETE]
[tudo no mundo é verbete: eis a infinidade e a infinitude do meu móvel-ser, diluinte e diluível ser, dissipável ser na paisagem. tudo no mundo é verbete, repito, e leio, passo as páginas das desordenações ordenáveis. a vaca. o besouro. o andarilho sem sombras.]
[verbete: ponto luminoso da coisa em latência. a coisa ondula. sai da superfície monótona e lateja, é um caroço, a coisa é coisa caroçante, talvez quisto, cisto, na rasura do mundo.]
[o ponto luminoso do verbete que agora se eleva da lâmina rasa do mundo. verbete-ômega, verbete-uivo, verbete-lobo, verbete-pensamento.]
[é também verbete o poema que irradia clarões na treva incognoscível da página. meu móvel-ser, diluinte e diluível ser, lê o verbete-poema como se um cego a apalpar o ilegível.]
[verbete aura, verbete féretro, verbete vento. tudo no mundo é verbete, repito, e abraço a enciclopédia da tarde, andarilho sem sombras.]
[a casa é o verbete das coisas da casa, o mofo na parede, o retrato do filho, o musgo na porta, a pasta de dente, o mosquito morto.]
[e o lá-fora é o verbete das coisas do lá-fora, a anciã e o seu cigarro, a placa de alumínio que despenca de um quinto andar como se dardos de um anjo mau, o amolador de facas em vozerio de arauto, a jovem senhora que se esconde atrás de sua figura exibível.]
[e esta monotonia, este tédio das coisas repetíveis na boca dos homens: verbetes da repetição desenfreada.]
[a estranheza do mundo: verbete assombrado.]
[a falência do mundo: verbete cortado ao meio e logo ajuntado em outro formato de fragmentos.]
[o verbete dolorível e doloroso do fim de tudo.]
[verbete: ponto luminoso da coisa em latência. a coisa ondula. sai da superfície monótona e lateja, é um caroço, a coisa é coisa caroçante, talvez quisto, cisto, na rasura do mundo.]
[o ponto luminoso do verbete que agora se eleva da lâmina rasa do mundo. verbete-ômega, verbete-uivo, verbete-lobo, verbete-pensamento.]
[é também verbete o poema que irradia clarões na treva incognoscível da página. meu móvel-ser, diluinte e diluível ser, lê o verbete-poema como se um cego a apalpar o ilegível.]
[verbete aura, verbete féretro, verbete vento. tudo no mundo é verbete, repito, e abraço a enciclopédia da tarde, andarilho sem sombras.]
[a casa é o verbete das coisas da casa, o mofo na parede, o retrato do filho, o musgo na porta, a pasta de dente, o mosquito morto.]
[e o lá-fora é o verbete das coisas do lá-fora, a anciã e o seu cigarro, a placa de alumínio que despenca de um quinto andar como se dardos de um anjo mau, o amolador de facas em vozerio de arauto, a jovem senhora que se esconde atrás de sua figura exibível.]
[e esta monotonia, este tédio das coisas repetíveis na boca dos homens: verbetes da repetição desenfreada.]
[a estranheza do mundo: verbete assombrado.]
[a falência do mundo: verbete cortado ao meio e logo ajuntado em outro formato de fragmentos.]
[o verbete dolorível e doloroso do fim de tudo.]

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