[DESVENTRAR O EU LÍRICO]


[os talheres da delicadeza
não puderam entreabrir
o eu lírico ─ tanto
era o seu empedramento.
hora solene do jantar 
─ convivas sedosos com bocas 
de caixão e lírios.
trouxemos um cutelo,
trouxemos um serrote.
sob o pavor dos tertuliantes,
desventramos então o eu lírico
─ tripas, bolhas, alças, as vísceras
agora apimentadas 
para o escândalo e o banquete.]

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