[A MANTA]


[desfazer costura
e alinhavos
do poema velho,
aparar as rebarbas
de linhas bambas,
mudar a ordem das dobras
que o silabário vesgo
escondeu dentro de remendos,
isto que as avós faziam
de molambo em molambo,
de trapo em trapo,
até que a manta de inverno
servisse outra vez
de abrigo, isto que o poema,
ao fim e ao cabo, é capaz
de ser quando falta a lanterna,
quando tudo é turvo.]

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