[O JOGO DE ESCONDE-ESCONDE FAZ BEM AO POEMA]

[o jogo de esconde-esconde
faz bem ao poema. o mercado
não acha. o mercado, cuja alma
é de tenda e venda, quer o poema
na gôndola, perenemente exposto
na prateleira, e o gestor, voraz
de fama por osmose, ignora
o poema sem código de barra.

mas o poema, ora vejam, é peralta,
tem pacto com a sombra, 
seu destino é simular a presença,
ora chega, solar de meio-dia,
ora se ausenta, e não há quem
o faça sair da toca, é bicho-enigma,

ora é lebre indefesa, ora é puma
em penumbra, esconde-se quando
o dia começa, aparece quando o dia
termina, e não há gestor entre couve
e batata, intermediário da lavoura,
que o faça mudar de estratagema.] 

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