[NA ESTAÇÃO, OS POETAS DISSERAM: "ESPERÁVAMOS UM TREM QUE NÃO EXISTIA".]
[aprendi com as mulheres que o poema pode ser composto enquanto sobe a fervura do arroz.]
[aprendi com as mulheres que a escritura do poema não é incompatível com as artes domésticas.]
[conhece-se o tradutor pelo grau de namoragens que ele tem com a língua.]
[as bobagens e as idiotias bem que poderiam permanecer ágrafas. O vento, que tudo leva, se encarregaria delas.]
[pós-monterroso: na hora do embarque, o trem desistiu.]
[não era bem um poeta, mas empilhador de palavras sobre as outras.]
[estava quase pronto, mas o quase parou para ver o mar.]
[toda palavra é difusa e tende a se mimetizar de outra palavra.]
[não tenho qualquer pena, nem compaixão, de quem sofreu um corte epistemológico.]
[o acaso é um diabo ilógico e sem cabeça, com uma tocaia pronta em cada bolso da casaca.]
[observem os trançamentos, pois neles está o ovo indez da escrita.]
[a frase e a rodovia se assemelham. nas curvas, o sobressalto; nas retas, a monotonia.]
[ao redor, a estranheza das coisas. por exemplo, o homem que pragueja para as nuvens.]
[os gatos são as únicas criaturas que exercem o gerúndio na mais suprema das elegâncias.]
[escrever como se as unhas em uma folha de zinco.]
[o dizer estéril é sempre propenso à pompa.]
[o prolixo é o articulado para a poética da manada.]
[fímbria, dobra, finisterra. nesses limites, o poema faz os seus povoamentos.]
[o traço quer ser palavra ou a palavra é que sonha voltar ao traço?]
[pobre texto chocado só em ninhos de apupos e aplausos.]
[o instante, esta partícula detonadora.]
[prefiro o poema que se forma em corda tesa, esticada, sem a frouxidão de uma ponte-pênsil.]
[todo poema deve aventurar-se ao salto em queda livre.]
[o muro teme o martelo. a grade teme a torquês. o burocrata teme o poema.]
[há séculos que palavras burocratas tentam contaminar o corpo dos poemas.]
[como é que um poema quer ser poema se não dá um tombo na gente?]
[aprecio as cápsulas, essas esferas, esses resíduos de textos, os quais, constelados, irão compor as girândolas dos poemas e das ficções.]
[na estação, os poetas disseram: "esperávamos um trem que não existia".]
[aprendi com as mulheres que a escritura do poema não é incompatível com as artes domésticas.]
[conhece-se o tradutor pelo grau de namoragens que ele tem com a língua.]
[as bobagens e as idiotias bem que poderiam permanecer ágrafas. O vento, que tudo leva, se encarregaria delas.]
[pós-monterroso: na hora do embarque, o trem desistiu.]
[não era bem um poeta, mas empilhador de palavras sobre as outras.]
[estava quase pronto, mas o quase parou para ver o mar.]
[toda palavra é difusa e tende a se mimetizar de outra palavra.]
[não tenho qualquer pena, nem compaixão, de quem sofreu um corte epistemológico.]
[o acaso é um diabo ilógico e sem cabeça, com uma tocaia pronta em cada bolso da casaca.]
[observem os trançamentos, pois neles está o ovo indez da escrita.]
[a frase e a rodovia se assemelham. nas curvas, o sobressalto; nas retas, a monotonia.]
[ao redor, a estranheza das coisas. por exemplo, o homem que pragueja para as nuvens.]
[os gatos são as únicas criaturas que exercem o gerúndio na mais suprema das elegâncias.]
[escrever como se as unhas em uma folha de zinco.]
[o dizer estéril é sempre propenso à pompa.]
[o prolixo é o articulado para a poética da manada.]
[fímbria, dobra, finisterra. nesses limites, o poema faz os seus povoamentos.]
[o traço quer ser palavra ou a palavra é que sonha voltar ao traço?]
[pobre texto chocado só em ninhos de apupos e aplausos.]
[o instante, esta partícula detonadora.]
[prefiro o poema que se forma em corda tesa, esticada, sem a frouxidão de uma ponte-pênsil.]
[todo poema deve aventurar-se ao salto em queda livre.]
[o muro teme o martelo. a grade teme a torquês. o burocrata teme o poema.]
[há séculos que palavras burocratas tentam contaminar o corpo dos poemas.]
[como é que um poema quer ser poema se não dá um tombo na gente?]
[aprecio as cápsulas, essas esferas, esses resíduos de textos, os quais, constelados, irão compor as girândolas dos poemas e das ficções.]
[na estação, os poetas disseram: "esperávamos um trem que não existia".]

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